Mais referências

Informalidade e desconhecimento nos processos de contratação

O projeto de pesquisa Observatório Educação Vigiada teve início a partir da constatação de havia uma ampla relação entre o chamado “capitalismo de vigilância” e o setor de educação no Brasil (e grande parte dos países). Tal relação carece de transparência de dados, seja por parte das empresas, seja por parte das instituições educacionais — e sem dados, fica mais difícil desenvolver conhecimento sobre esse campo para elaborar. Nesse sentido, a coleta automatizada de dados por meio de um script, como apresentado na primeira página, permitiu um fiel e rápido panorama nacional dessas relações.

Associado ao script, foram coletados dados através de pedidos de Lei de Acesso a Informação (LAI) nos estados de CE, GO, MG, RJ, RS, PE e SP. O objetivo desses pedidos era tanto aprofundar o entendimento sobre essas relações, bem como validar os dados coletados automaticamente via script. As informações solicitadas tanto de IPES (Instituições Públicas de Ensino Superior) como de secretarias estaduais de Educação, tiveram como foco os seguintes itens:

A análise desses dados ainda está em andamento e mais dados de outros estados estão sendo pedidos. Os resultados serão divulgados abertamente (os já coletados estão disponíveis para todos).

Como primeiro e mais importante achado, destaca-se a taxa de acerto do script acima de 95%, validando o método de coleta. É importante destacar a análise preliminar e algumas categorias oriundas das respostas, que ajudam a entender melhor a dimensão das relações estabelecidas, e que suscitam novas questões e problemas a serem investigados. Alguns apontamentos relevantes:

1. Informalidade nos processos de adesão aos serviços oferecidos pelas empresas

Há limitada formalização institucional por meio de acordos. Ocorre em grande parte de forma digital, na própria plataforma das empresas, via “aceite” de termos. Como indica um das respostas: “não existem documentos formais de adesão institucional, nem de parcerias, tudo foi feito digitalmente, sem registro físico”; em outra “foram realizadas por meio de adesão eletrônica”.

2. Argumento amplamente difundido de retórica progressista das plataformas

Há argumento a favor das parcerias em torno da inovação e curiosamente, em torno de práticas abertas como a autoria docente. Nos termos assinados por uma secretaria, há indicação que a parceria pode ajudar alunos e professores a “se tornar autores e não meros receptores [do conhecimento]”.

3. Desconhecimento em relação ao valor do “gratuito”

Respostas apontam para a economicidade (redução de gastos) e eficiência da máquina pública como argumentos para adesão. Em alguns casos faz-se o cálculo tomando como base o valor de licença comercial do produto (como o pacote Office), raramente praticado no setor educacional, para demonstrar redução de gastos. Esses apontamentos demonstram, no mínimo, falta de atenção de gestores sobre o custo da transferência de dados pessoais.

4. Muitas dúvidas, tentativas de acertos e informações limitadas

Em alguns casos gestores demonstram preocupação e incerteza quanto a adesão, recorrendo às procuradorias institucionais, ou apontando para a conformidade das grandes plataformas com a GDPR (lei Européia que não se aplica ao contexto brasileiro) como indicativo de preocupação com as questões de vigilância e privacidade. Ou seja é necessária a formação e orientação.

Sergio Amadeu, Stephane Lima e Marina Meira conversam sobre a os termos de uso e da política de privacidade do G Suite for Education e do Microsoft 365

O webinar debate a importância do conselho da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) para a construção e cumprimento da lei de proteção de dados (LGPD)

Literatura científica

Uma explicação detalhada da metodologia adotada e o contexto da pesquisa:

CRUZ, L. R. da; VENTURINI, J. R. Neoliberalismo e crise: o avanço silencioso do capitalismo de vigilância na educação brasileira durante a pandemia da Covid-19. Revista Brasileira de Informática na Educação, v. 28, n. 0, p. 1060–1085, 15 dez. 2020. Disponível aqui.

LIMA, S. Educação, Dados e Plataformas: Análise descritiva dos termos de uso dos serviços educacionais Google e Microsoft. São Paulo: Iniciativa Educação Aberta, ago. 2020. . Disponível aqui.

GONSALES, P; AMIEL, T. Inteligência Artificial, Educação e Infância. Educação na contemporaneidade: entre dados e direitos. Panorama Setorial da Internet, [s. l.], ano 12, n. 3, p. 1-22, 2020. Disponível aqui.

AMIEL, T. Conteúdos educacionais, abertura e vigilância na ecologia digital. In: F. J. de Almeida, G. Torrezan, L. Lima, & R. E. Catelli (Eds.), Cultura, educação e tecnologias em debate (3rd ed.). SESC São Paulo, 2019. Disponível aqui.

CRUZ, R. da; SARAIVA, F.; AMIEL, T. Coletando dados sobre o Capitalismo de Vigilância nas instituições públicas do ensino superior do Brasil. In: VI Simpósio Internacional LAVITS. Salvador, 2019. Disponível aqui.

Uma análise detalhada da transição para produtos Google e Microsoft na USP e na Unicamp, com uma apresentação dos problemas do capitalismo de vigilância:

PARRA, H. et al. Infraestruturas, economia e política informacional: O caso do Google Suite for education. Mediações, v. 23, n. 1, p. 63–99, 2018. Disponível aqui.

Saímos na mídia

Educação vigiada: governo entrega dados de 900 mil gaúchos à exploração de multinacionais.

Brasil, colônia digital.

Pesquisadores alertam para riscos de parcerias entre universidades e empresas de tecnologia.

UFSC avalia parcerias com Google e Microsoft para auxiliar Ensino Remoto

Webinários sobre Educação Vigiada

Proteção de dados e participação social.

Os termos de uso das plataformas que atuam na Educação.

Educational Opportunities & Challenges in Times of Crisis.

Palestra Capitalismo de vigilância e a educação pública no Brasil

O capitalismo de vigilância na educação brasileira.

Intermediários GAFAM e apropriações.

A era do colonialismo digital.

Webinar do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico discute a cooperação acadêmica na era digital.

Conhecendo o pesquisador Leonardo Cruz do projeto Educação Vigiada.

Reportagens

Empresas que exploram dados estão tirando a liberdade de nossas crianças.

UOL tilt, 18 de outubro de 2020

Acesse aqui

Educação vigiada: Em troca de parcerias ‘gratuitas’, governos entregam a grandes empresas dados da educação pública.

Sul21, 29 de julho de 2020

Acesse aqui

Gigantes da tecnologia entram na briga por novo espaço: a sala de aula.

Estado de São Paulo, 17 de fevereiro de 2019

Acesse aqui

Vigilância em tempos de educação à distância.

Outras Palavras, 31 de março de 2020

Acesse aqui

Escándalo en Google: así “espía” a millones de niños en el colegio y en su casa

El Mondo, 25 de fevereiro de 2020

Acesse aqui

Facebook admite que monitora localização de usuários mesmo com função desativada.

Folha de S. Paulo, 18 de dezembro de 2019

Acesse aqui

German schools ban Microsoft Office 365 amid privacy concerns.

TNW, 15 de julho de 2019

Acesse aqui

Google faces state lawsuit alleging misuse of schoolkids’ private data.

ARS Technica, 21 de fevereiro de 2020

Acesse aqui

Governo de SP privatiza endereçamento ao Google.

Labcidade, 13 de dezembro de 2019

Acesse aqui

Transparência de gigantes é nula.

Estado de São Paulo, 18 de fevereiro de 2019

Acesse aqui

A top Google exec pushed the company to commit to human rights. Then Google pushed him out, he says.

Washington Post, 2 de janeiro de 2020

Acesse aqui

A sociedade da plataforma: entrevista com José van Dijck.

Digilabour, 6 de março de 2019

Acesse aqui

Escola na mira das corporações de internet.

Lavits, 4 de junho de 2019

Acesse aqui

‘Falta de privacidade mata mais que terrorismo’: o surpreendente alerta de professora de Oxford.

BBC News, 16 de outubro de 2020

Acesse aqui

Capitalismo de Vigilância infiltra-se no Ensino Público/

Outras Palavras, 28 de julho de 2020

Acesse aqui

Como garantir acesso ao ensino digital e proteger os dados dos alunos.

UOL TAB, 16 de abril de 2020

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O algoritmo é mais embaixo.

UOL TAB, 16 de abril de 2018

Acesse aqui

Reconhecimento facial é o novo aquecimento global?

Tecfront, 27 de fevereiro de 2020

Acesse aqui

Sociedade da vigilância em rede.

Folha de S. Paulo, 1 de março de 2019

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‘Somos cada vez menos felizes e produtivos porque estamos viciados na tecnologia’.

BBC News, 2 de fevereiro de 2020

Acesse aqui

Snowden: “A janela para debater nossa atitude ante a tecnologia está se fechando”

El País, 13 de setembro de 2019

Acesse aqui

Te dou uns dados.

UOL TAB, 21 de outubro de 2019

Acesse aqui

Tech companies monitor schoolkids across America. These parents are making them delete the data.

The Guardian, 15 de dezembro de 2019

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A empresa secreta que pode acabar com a privacidade como a conhecemos.

Estado de São Paulo, 20 janeiro de 2020

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Aplicativos de reconhecimentofacial com IA: Como fica o direito ao anonimato nas ruas da cidade?

Época Negócios, 24 de janeiro de 2020

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Sugestões de leitura

Vídeos

Fernanda Rosa, pesquisadora brasileira na Universidade da Pennsylvania

Apresentação do mapeamento Educação Vigiada

Kaike Nanne, jornalista e diretor-executivo da Bites

Ética na sociedade baseada na coleta de dados

Núcleos de pesquisa em universidades